Resgate da alegria

Na minha infância não fui ao circo e nem em parque de diversões, e acho que por isso nunca me senti atraída por esses lugares. Apesar de não me sentir atraída por eles, fato é que um grande marco em minha vida foi um retiro de Clown (palhaço em Inglês). Fui fazê-lo por indicação de um amigo, acreditei que aprender técnicas de palhaçaria, e assim me tornaria mais carismática, já que eu era extremamente sisuda, rígida, muita brava. Ledo engano, no primeiro dia entendi que estava diante de algo que eu não iria usar a lógica, a razão e sim meus sentimentos, sensações, movimentos corporais. E só não saí correndo porque estava - literalmente - no meio do mato e ouvi minha bússola interna dizer: “Fica.”

Apesar de todo o medo e desconfiança por estar diante de algo completamente desconhecido fiquei e participei de todos os exercícios propostos. Descobri muitas coisas difíceis a meu respeito, entre elas, uma Taís extremamente bélica, que estava estabelecendo relações emocionais baseadas em trocas comerciais e uma busca insana pelo perfeccionismo. Foi um processo de autoconhecimento muito amargo, no entanto, necessário. Meu Clown surgiu nos últimos minutos antes do retiro finalizar. No momento em que ganhei meu nariz de palhaço eu também entrei em contato com uma Taís que ama a dança, com uma capacidade de contagiar as pessoas de alegria quando eu imitava meus colegas do retiro, por exemplo, e com uma determinação para reconhecer o que não me servia mais e a necessidade genuína de transformação.

Fato é que um ano depois dessa experiência recebi um dos elogios que eu mais gosto e que por muito tempo duvidei que seria capaz de ser: engraçada! Desde então venho desabrochando em bom humor a ponto de pessoas novas em minha vida não conseguirem me imaginar de outra forma. Mas não foi mágica e sim um processo de transformação que só está sendo possível com Terapia, rede de apoio e desapegar de coisas e pessoas que não me ajudam a chegar onde desejo.

Transbordar alegria é uma das minhas conquistas.