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Minha criança interior

  • Foto do escritor: Tais Tozatti
    Tais Tozatti
  • 1 de fev. de 2024
  • 2 min de leitura

Um homem com uma criança no colo olhando para uma estrada a sua frente.

A primeira vez que entrei em contato com a expressão: Criança Interior foi em 2014 ao comprar um congresso online sobre práticas integrativas. Em alguma das aulas havia um exercício de escrever uma carta para a criança interior olhando para uma foto da minha infância. Achei aquilo muito esquisito, sem sentido, porém eu fiz mesmo não sentindo nada. Graças a este congresso foi eu conheci a profissional com quem realizei minha formação como Terapeuta.

Em Agosto de 2016 conheci o livro Volta ao Lar escrito por John Bradshaw que me foi indicado por uma terapeuta para que eu entrasse em contato com minha criança interior. Uma curiosidade, em Maio de 2016 o escritor faleceu. Nesta altura do meu processo terapêutico eu já compreendia do que se tratava Criança Interior.

Também compreendi porque é que na primeira vez que escrevi uma carta para minha criança interior eu senti desconforto, isso se deveu ao fato do quanto eu estava desconectada da criança que eu fui, o que também significava estar desconectada de mim, dos meus sentimentos, um termo usado para descrever isso é congelamento emocional. Como não havia ou eu não conhecia um profissional que conduzisse o processo terapêutico de resgate da criança interior naquela época, eu mesma fui lendo e fazendo as atividades do livro. Eu estava determinada a me descongelar e ir encontrar minha criança interior que estava muito ferida. Levei aproximadamente cinco meses.


Então, um universo se abriu na minha vida, tudo muito novo, fascinante e também assustador. Fiz descobertas importantes e aos poucos senti que algo estava se descongelando em mim, as emoções vinham muito discretamente como gotículas de água surgindo num icebergue exposto ao aumento de temperatura. Tive a oportunidade de trabalhar as atividades do livro com meus primeiros clientes que atendi em 2016 e fui testemunhando meus processos de cura, e também dos clientes e constatei que de fato estava diante de um livro poderoso que trago comigo até hoje. Em relação ao meu processo pessoal, no ano de 2020 – em plena pandemia – compreendi a palavra processo, porque voltei a fazer as atividades ligadas a fase da adolescência e entrei em contato com sentimentos novos para mim, por exemplo, a raiva. Imagine, seis anos depois de ter entrado em contato pela primeira vez com minha criança interior foi que consegui sentir raiva.

Estou contando minha história pessoal para você porque a cada dia venho aprendendo que quanto antes eu dou o primeiro passo para fazer algo que cuide da minha saúde mental, mesmo que num primeiro momento pareça não estar acontecendo nada e/ou sentindo desconforto, aprendo que um processo de autoconhecimento pode levar tempo.

E vivemos numa sociedade na qual não há espaço para o tempo, para processos. “Tá com dor de cabeça? Pare de sofrer, tome esse remedinho aqui!” Quantas vezes por dia você vê, escuta, lê e pratica atitudes de alívio imediato? Em contrapartida, quantas vezes por dia você vê, escuta, lê e pratica atitudes para experimentar um processo de autocuidado sem garantias, sem previsão de tempo?

Autoconhecimento é um processo individual e com ritmo próprio. Se não agora, quando?

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